Cosme Alves Netto

12/03/2014 15:02

O Amazonense Cosme Alves Netto foi uma das mais importantes personalidades do cinema brasileiro e da cultura nacional, por sua atuação na descoberta (foi um dos responsáveis por trazer a luz da contemporaneidade a existência do pioneiro Silvino Santos), recuperação e conservação de filmes brasileiros de todas as épocas, pela influência na produção de filmes de longa-metragem e de curta metragem, documentários; pelo papel de liderança e coordenação que exerceu em movimentos destinados ao fortalecimento do cinema do País, pelo intercâmbio que, com sua ação fecunda, promoveu entre o cinema brasileiro e as cinematografias de vários continentes; pelo otimismo com que sempre defendeu as suas convicções firmes no campo cultural e no campo politico.Por conta desse seu marxismo dogmático, Alves Netto foi preso duas vezes pela ditadura militar. A primeira ocorreu em 1964, quando ele estava de casamento marcado para dali a 15 dias. Ele ficou seis meses detido e, segundo depoimento de Carrilho, teve que presenciar a queima do negativo de “O encouraçado Potemkin” (1925), do soviético Sergei Eisenstein.

A história de Alves Netto com o cinema começou no fim dos anos 1950, quando ele foi enviado pelo pai, o deputado constituinte Cosme Alves Filho, de Manaus para o Rio, para completar seus estudos. Alves Netto formou-se em Filosofia na UFRJ e em Comunicação Social na PUC-Rio, mas foi o cinema que despertou seu interesse. Entre 1959 e 1962, ele foi diretor do Grupo de Estudos Cinematográficos (GEC) da União Metropolitana de Estudantes (UME), um dos mais importantes cineclubes do período.

Grande cinéfilo e conhecedor do cinema brasileiro e latino-americano, Cosme Alves Netto era considerado como o embaixador das cinematografias da América do Sul. Foi curador por 40 anos da Cinemateca MAM-RJ; foi programador do lendário Cine Paissandu quando este, atraves de exibição de filmes marginalizados pelos circuitos tradicionais, familiartizou milhares de jovens com o cinema europeu, sobretudo a Nouvelle Vague francês, cinema japonês, sueco, italiano, tcheco, polonês, russo e latinoamericano.

Disseminou pelo Brasil o movimento cine-clubismo, e que graças a isso pode formar-se no País uma geração de cineastas que fecundariam o cinema brasileiro com as ideias de um novo cinema – Cinema Novo, o Cinema Novo do Brasil, como passou a ser conhecido no exterior.

Durante anos foi diretor da Cinemateca do MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). Fez de tudo pela Cinemateca, o que não se conseguiu evitar, porém, foi o incêndio no MAM, em julho de 1978. A Cinemateca, por sorte, acabou não atingida, mas o documentário de Aurélio Michiles levanta a hipótese de a tragédia ter sido provocada por integrantes do governo militar, descontentes com a politização do museu

Infelizmente, Cosme Alves Netto faleceu no ano de 1996 na cidade do Rio de Janeiro, onde residia. Em 2006, pelo transcurso dos dez anos de seu falecimento, foi homenageado em vários festivais de cinema no Brasil e no exterior.